Marionetes

Marionete, segundo o dicionário Houaiss, é um “boneco articulado (em forma de pessoa, animal etc.) movido por meio de cordéis manipulados por pessoa oculta atrás de uma tela, em um palco em miniatura”. No sentido figurativo, trata-se de “pessoa sem personalidade, que se deixa manipular”.

            Do que foi exposto, podemos afirmar que marionete é um objeto (boneco), obviamente inanimado, que ganha animação (vida) por conta de um ser animado (criatura humana) que, habilmente, o manipula!

Pois bem. É comum encontrarmos pessoas em nossa caminhada que vivem como se marionetes fossem. Vemo-las presentes na política, no trabalho e até mesmo dentro de casa. Não conseguem ter opiniões próprias nem levar adiante a concretização de ações se não forem movidas (manipuladas) pelo entendimento de quem tem a destreza de dar-lhes os movimentos certos e até a voz no tom adequado nos momentos em que sua participação ativa for exigida.

Concordar com tudo o que o outro diz só para não desagradá-lo é tornar-se fantoche de seu interlocutor, despindo-se, com essa postura, da própria dignidade, qualidade nobre que envolve (ou deveria envolver) a essência humana em sua plenitude.

Se fizermos uma retrospectiva de nossa vida é bem provável que virão cenas de ocasiões em que fomos marionetes de alguém, talvez pela inexperiência de vida, talvez pela conveniência de que, assim agindo, haveríamos de conquistar algo de nosso interesse. O primeiro caso é desculpável; o segundo, vergonhoso.

É bem provável, também, que, em algum momento, fizemos, sem o mínimo senso de pudor, alguém de marionete para saciar o desejo (ou instinto) de se fazer ouvir nossa voz para que tivéssemos vez em algum empreendimento almejado.

A esperança de vivermos num mundo em que não haja ninguém ível de manipulação é utopia, mas isso não impede que policiemos nossas condutas a fim de que não nos tornemos marionetes de quem quer que seja nem que façamos alguém de fantoche.

Bom mesmo seria se, tal como diz a música do cantor francês Christophe, fosse possível, pelo menos para mim, construir marionetes de barbante e papel e dar-lhes vida longa a fim de que pudéssemos manter constante alegria dentro de casa, ouvindo-as dizer: “Você é o meu melhor amigo”. Prazerosamente, eu haveria de apresentá-las a todos os meus amigos e até pediria a uma delas que lançasse um olhar triste quando percebesse que eu estava manipulando algum deles por alguma conveniência momentânea.

Que pena que isso não e de mera imaginação fértil (ou infértil)!

Col.: Francisco Bueno

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